12 de maio de 2010

Hands



Há uns dias, enquanto caminhava pela praia sem qualquer rumo certo, senti algo vindo dentro de mim, como um aperto no peito, como se este tivesse ficado mais pesado. Não era nada demais, era apenas um pressentimento. Decidi deitar-me na areia. Encostei devagar a cabeça e fixei o olhar nas nuvens que tão calmamente passavam por mim. Ouvia as ondas bater nas rochas e rebentarem na areia, por vezes uma mais atrevida vinha-me molhar os pés. As gaivotas aproveitavam para conversar lá em cima, observando a falésia. Ainda não estava ninguém na praia, apenas uma senhora que, como todo os dias, vinha a correr. Talvez para manter a forma ou talvez pelo gosto de estar sozinha com os seus pensamentos. Ainda conseguia olhar para o céu sem dificuldade pois estava uma rocha a fazer-me sombra do sol que já começava a aquecer a areia e o meu espírito. Foi enquanto olhava para mais uma nuvem que me perdi num dos meus pensamentos, pensei se alguma vez encontraria alguém com quem tudo fosse natural, que lhe dissesse olá por dizer, e não por saber que fica bem dizer. Alguém a quem dê a mão acidentalmente, não a pensar que é uma maneira de lhe dizer: “És especial. Não quero que te vás embora.”. Depois levantei-me e fui para onde me sinto em casa, para o mar. Lá dentro apenas ouvia os meus pensamentos e som das ondas aumentado. Quando finalmente vim á tona de água respirar, conclui que isso nunca aconteceria, pois a sociedade já me tinha estragado, não havia volta a dar.


No entanto, o que pensava ser impossível, passou a ser uma realidade. Fui natural. Sem ter de pensar se devia, se querias, se gostarias, se me arrependeria, se estava na altura, apenas te toquei na mão. Havia uma multidão de pessoas por ali, mas quando agora me deito na cama, fecho os olhos e relembro o momento. Apenas me lembro do teu sorriso, do teu olhar e de sentir a tua mão, os teus dedos, os teus pensamentos. Como se por um mero momento pudesse fazer parte de ti, dos teus pensamentos, dos teus sonhos, de tudo.


Mas não foi apenas isso que me encantou. Na primeira vez que te vi (não a primeira vez que olhei para ti, já tinha olhado muitas vezes… mas nunca te tinha visto), abandonei o meu corpo, ligando o piloto automático. E tentei com os meus olhos tirar uma foto que pudesse guardar na memória, mas a memória não a aceitou, enviou-a para outro lado. Para o coração, que não conseguia perceber o que estaria ali a fazer aquilo. Tentou manda-la para outro lado, mas ela dali não saia, nem saiu. A primeira vez que ouvi a tua voz fiquei parado, num tipo de estado de coma induzido, do qual só acordei quando alguém me chamou. Todas as vezes que te vejo, começo por olhar-te de longe, depois de olhar por um pouco parece que me aproximo e que entro nos teus olhos. Sinto-me bem nesse lugar e deixo-me lá estar até me fintares com eles. Aí desvio, ou então sorrio para ti. Se volto olhar, acabo por perder os pensamentos nos teus caracóis, ou nas tuas mãos, ou nos teus lábios, ou mesmo no teu nariz…


E assim, as estrelas do céu que tanto brilhavam e me fascinavam, perderam aquele brilho, agora nada mais me encanta além do teu sorriso. E um dia, quando olhares paras as estrelas, e de seguida olhares para mim, verás os meus olhos a brilhar e um sorriso apaixonado. Nesse momento nunca mais te voltarei a largar a mão.

6 comentários:

Filipa. disse...

ESTA MESMO LINDO , asério :D :D

já o li 3 vezes e cada vez gosto maiis +.+ ahah .

***

Anónimo disse...

outrora escrevi como tu, não só escrevi como também pintei e é por isso que sei e valorizo o quanto é raro e belo o que tens produzido neste blog.o facto de escreveres com o coração resulta nesta magia maravilhosa e por mais que o destino te magoe nao deixes de lutar,pois mais tarde quando menos esperares serás recompensado, assim como não deixes de escrever,não faças como eu,ou seja, deixei de escrever,quando fechei o meu coração mas, talvez um dia volte a fazê-lo já que voltei a abrir o coração devido a enorme ajuda de uma pessoa muito especial que tu conheces tão bem ou melhor que eu.
até lá continuarei a seguir o teu blog e a apreciar a magia maravilhosa que produzes e que não só eternece o meu coração como os das pessoas que têm seguido o teu blog!
abraço

Anónimo disse...

Temos uma coisa em comum. Também me sinto em casa no mar, aliás nao precisa de ser necessariamente o mar, pode ser uma lagoa, um rio, água. Acho k se pudesse vivia dentro de água...e tens razão, no mar abstraimo-nos de tudo. somos só nós e os nossos pensamentos.

Anónimo disse...

esqueci-me de dizer k o texto está muito bom ;) gosto muito

Mariana disse...

Oh está mesmo fofinho :)

Ainda vais escrever um livro, depois talvez o compre (se mo autografares, claro) ;D

Marta disse...

fantástico! erros do costume :p mas está muito bom. todos chegamos a um momento na vida em que tudo parece mau, mas depois acaba sempre por melhorar, sabes bem disso! ;) (a última imagem, totalmente adequada)