19 de maio de 2011

Novo Blog




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Espero que gostem =D

13 de janeiro de 2011

A escuridão


Na escuridão daquele quarto encontrava-se um pequeno rapaz escondido no canto. As paredes eram pintadas de encarnado e encontravam-se cobertas com fotos e desenhos macabros. Fotos de momentos negros da vida daquele rapaz e desenhos de medos com os quais ele nem se atrevia a sonhar. Pelo chão via-se espalhado estilhaços do espelho que ele acabara de partir revoltado com a imagem que lá via, naquele e em todos os espelhos vive alguém que não é ele, alguém que não é prefeito, alguém que tem mais pecados que virtudes. No tecto alguém tinha pintado olhos. Estes observavam-no com desprezo e repugnância. No centro havia dois que se destacavam dos outros, estes olhavam-lhe com desilusão. E estes eram os que lhe mais magoavam. O rapaz tremia como se de frio tratasse, mas era o medo que o possuía. Com tantas coisas para o atormentarem naquele quarto. O que o fazia realmente suar, tremer, respirar intensamente, fechar os olhos com força, abraçar-se a ele próprio era o medo de si próprio. Aquele rapaz temia não vir a ser o homem que tanto ele como a família e amigos esperam que fosse.

Embora nunca tivesse ainda estado naquele quarto sabia da sua existência. Ele sabia que um dia a sua arrogância teria fim e que teria de assumir o fracasso de ser humano que era. Um fracasso que em nada conseguia ser bom, apenas era bom a ser hipócrita, a sorrir, a saber disfarçar o que lhe vai na cabeça, a não ser honesto. Em tudo o resto era simplesmente um aborto. Mesmo assim vivia como se fosse um enorme deus, como se fosse rei do próprio Olimpo e do seu próprio destino. Aquele quarto sugava-o como um marinheiro é desejado pelo mar. Mas sempre que a sua força fracassava e se aproximava da porta infernal que nunca desistiu de o apanhar, alguém o agarrava: família, amigos, ás vezes até desconhecidos acidentalmente.

Apesar de todos esses esforços das pessoas que o acarinhavam, o triste e horroroso rapaz tinha traído todas as pessoas que nele tinham confiado. Tantas pessoas a acreditar que ele seria capaz de se tornar naquele deus que tanto queria, e no fim é ele que deixa de acreditar, é ele que sucumbe ao quarto destinado há tanto tempo. E assim fica sentado á espera, sabe lá ele do quê. De um amigo que não virá, de alguém que pouco interessado acidentalmente puxa-o. Mas qual a finalidade disso? Ele voltar para lá… Apenas ele pode ter força e sair de lá e nunca mais voltar.

Embora ele saiba que talvez pudesse conseguir, cada momento que passa mais se entrega ao quarto e menos acredita em si e na sua força. O tempo passa e passa até que por fim perde a sua alma, e nesse momento tudo se acaba. E assim, na escuridão daquele quarto surge outro homem, sem vontade de quebrar o destino, sem vontade de ser melhor.

“Apenas somos homens enquanto sonhamos no impossível e lutamos na realidade”

2 de julho de 2010

Conto de fadas




Não há muito tempo. Num reino não muito distante fisicamente, mas que por ser tão distante da realidade muitos não acreditarão na sua existência. Existe uma fada. Não apenas mais uma fada entre tantas. Esta é princesa do seu reino. Mas não é apenas uma princesa e fada de um reino, é a mais linda princesa e fada de todos os reinos. Como já devem ter percebido este reino é um reino de fadas, chamado “Ápif”.
Ápif significa (em vulgar português) reino da paixão nunca encontrada. Todas as palavras da língua das fadas têm um grande significado, obriga-nos a usar frases para explicar apenas uma palavra. Tenho pena de apenas saber traduzir uma ou duas palavras, e é por isso que conto esta história na nossa língua. O nome deste reino está associado a uma lenda mais antiga que todas as fadas, mais antiga que todas as árvores onde estas habitam, mais antiga que o próprio tempo. Nesta lenda consta que nunca uma princesa do reino conhecerá o verdadeiro amor, até que um príncipe (que não conhecesse a lenda), agarrasse por instinto na mão de uma princesa.
Embora várias princesas tenham tentado esquemas para enganar a lenda, nenhuma tinha conseguido. Uma convocou todos os príncipes de todos os reinos para um baile, e todos dançaram com ela, logo deram-lhe a mão…. Mas mesmo assim nunca se apaixonou. Outra pediu a um príncipe que lhe desse a mão sem lhe explicar a lenda, mas também não foi bem sucedida. Todas as fadas acabavam por perder a esperança e casar-se com o príncipe mais carinhoso, mesmo não o amando.
Contudo, a actual princesa não dava importância a lenda e afirmava não se casar com alguém que não amasse. De todas as princesas existentes, esta era sem dúvida a mais bela de todas. Os seus maravilhosos e perfeitos caracóis tinham fama em todos os reinos, os sues olhos todos os príncipes desejavam, era de certeza a mais perfeita das princesas. Mas mesmo assim os anos passaram, vários príncipes pediram-lhe a mão que ela recusava-se a dar porque sabia que teria de ser um acto sem intenção, algo sincero e puro.
No entanto a vida continuava. Todos os dias a princesa acordava com o nascer do sol, recolhia uma gota de orvalho pela janela do palácio (que era construído na árvore mais velha do reino) e com essa gota lavava o seu rosto. Depois recolhia outra gota para ver o seu reflexo e poder arranjar-se, pentear os seus morenos cabelos, vestir um dos seus lindos vestidos, para depois passear pelo bosque.
Foi durante um desses passeios que algo de diferente aconteceu. Ouvira um barulho vindo de uns arbustos. Depois ouviu alguém a caminhar, com medo escondeu-se. Os passos começavam a ecoar mais alto, alguém se aproximava…. Até que finalmente apareceu. Era apenas um rapaz, muito simples, até um pouco magro, mas conseguia ter uma beleza muito natural e meiga. A princesa saiu do esconderijo, disse-lhe olá com as mãos atrás das costas para ele não lhe dar um beijo na mão como era costume fazer-se às princesas. Ele, moreno e com um profundo olhar, sorriu-lhe apenas. A princesa pensara que ele era apenas um aldeão, como ele também pensara que ela fosse apenas uma lindíssima fada. No entanto eram os dois príncipes, ele vinha do reino “Retlav” (isto é, reino da floresta encantada).
E então, ficaram parados de frente um para o outro. Os dois fixavam o olhar nos olhos. Os dois sentiram algo estranho, algo que ambos nunca tinham sentido. As mãos dela antes firmes atrás das costas, descaíram agora para as pernas. Ele começava a ficar com as pernas fracas, as mãos dele geladas como uma pedra de gelo. Os braços começavam a mexer-se. Ela percebeu o que aconteceria, mas não teve qualquer tipo de reacção para evitar, apenas também aproximou as mãos. E foi então que a lenda foi quebrada, deram as mãos, apaixonaram-se um pelo outro. E apenas olhando-se nos olhos disseram mais uma palavra na língua das fadas: AMO-TE (esta não sei traduzir, pelo que os dois me explicaram apenas se sente, não se explica).
E viveram felizes para sempre….
FIM


16 de maio de 2010

O dia em que partiste






E se um dia acordasse e tudo tivesse mudado? Se tudo o que tinha como certo desaparecesse? Se este maldito mundo desabasse em cima de mim? Se quando acordar tu já não estiveres ali comigo? Como devo eu continuar a viver? Todos os dias alguém me diz: “Deixa-a a ir. Tens que a deixar partir.” Como querem que eu o faça? Tu não és um objecto que baste atirar da janela. Estás dentro de mim, nos meus olhos que choram, nas minhas mãos que gelaram, nas minhas palavras lentas e tristes, nos meus pensamentos, no coração que apenas foi meu enquanto não te conheci.
Como é óbvio, ainda me lembro do dia em que te conheci. Andava a passear por aquele colorido jardim, a fazer tempo para não sei bem o quê. Vinhas num trilho ao lado, virei a cara, e por cima dos girassóis vi-te. Vi esse teu cabelo encaracolado que nunca mais esqueceria, vi os teus olhos que nunca mais deixariam de brilhar, e o teu sorriso que sempre me deu força para continuar.
No entanto, não fazia a menor ideia de que maldito fado me tinha sido destinado. Pensei que aquele amor, só nosso, durasse para sempre. Cada dia que passava mais te amava, mais fazias parte de mim, mais eu era dependente de ti. E agora? Acordei na cama, em que todos os dias dormimos juntos, e já não estás lá. Foste obrigada a ter de sair, tiveste de ir para outra cama. Uma desconfortável, em que dormes sem mim. Fica num quarto horroroso, triste e frio, com um cheiro também estranho. As pessoas andam todas de branco, mas garanto-te que aquilo não é o céu, no entanto essas pessoas são anjos da guarda, que tentam salvar-te, tentam que voltes para perto de mim.
Embora te tenha visitado todos os dias. Sinto a tua falta, já nada é o mesmo. Cada dia que passa, ficas mais doente, as dores aumentam (mesmo que digas que não), vais perdendo a esperança. Os médicos, esses tais anjos da guarda, já me vieram informar que não te conseguem manter cá comigo. Também eles dizem para eu preparar-me, pois irás partir em breve. Como querem eles que me prepare? Que te faça a mala para a viagem? Que compre lenços para quando chorar? Porque tens de ir? Uns dizem-me que irás para um lugar melhor, mas o melhor lugar não é ao pé de mim, ao pé de quem amas, e de quem te ama? Outros dizem que um certo Senhor te quer ao pé dele, mas eu quero mais! E quem é ele que te possa decidir tirar-te de mim. Os anjos dizem que fizeram tudo, que isto acontece. Mesmo sem saber o porquê tenho que entrar todos os dias no teu quarto e sorrir, pois quero que partas da maneira que chegaste à minha vida, comigo a sorrir só para ti.
Apesar de todos os dias sorrir, tu deixaste de sorrir, as dores já são demais, a esperança já se esgotou. Olhas para mim com esses dois olhos que fazem inveja a qualquer estrela, e dizes: “Deixa-me ir. Quero partir com um sorriso nos lábios.” Sorri-te e saí do quarto. Deixei-me escorregar pela parede, os meus olhos choravam como se algo dentro de mim se tivesse partido e estivesse a sair pelos olhos. Sempre tive esperança, e não queria a acreditar que morresses mesmo.
Mas estaria a ser egoísta se não te deixasse partir com esse sorriso maravilhoso, que sempre amarei. Os médicos aproximam-se de mim, ajudam-me a levantar e um deles pede para ter uma conversa comigo. Explica-me que Eutanásia é algo que te vai proporcionar uma morte melhor. Explica-me também que tornou-se legal recentemente. Mais parece que é um vendedor de uma companhia de viagens. Volto para dentro do quarto, para ti. Fiquei ali naquela cadeira dois dias, segurando-te a mão e sem dizer-mos nada um ao outro. Apenas olhando e dizendo com os olhos: “Amo-te”, assim partiste. E eu aqui fiquei com aquela imagem dos teus olhos e do teu sorriso para sempre gravada no meu coração. Para sempre ficarás comigo, até ao dia em que voltaremos a estar juntos.


12 de maio de 2010

Hands



Há uns dias, enquanto caminhava pela praia sem qualquer rumo certo, senti algo vindo dentro de mim, como um aperto no peito, como se este tivesse ficado mais pesado. Não era nada demais, era apenas um pressentimento. Decidi deitar-me na areia. Encostei devagar a cabeça e fixei o olhar nas nuvens que tão calmamente passavam por mim. Ouvia as ondas bater nas rochas e rebentarem na areia, por vezes uma mais atrevida vinha-me molhar os pés. As gaivotas aproveitavam para conversar lá em cima, observando a falésia. Ainda não estava ninguém na praia, apenas uma senhora que, como todo os dias, vinha a correr. Talvez para manter a forma ou talvez pelo gosto de estar sozinha com os seus pensamentos. Ainda conseguia olhar para o céu sem dificuldade pois estava uma rocha a fazer-me sombra do sol que já começava a aquecer a areia e o meu espírito. Foi enquanto olhava para mais uma nuvem que me perdi num dos meus pensamentos, pensei se alguma vez encontraria alguém com quem tudo fosse natural, que lhe dissesse olá por dizer, e não por saber que fica bem dizer. Alguém a quem dê a mão acidentalmente, não a pensar que é uma maneira de lhe dizer: “És especial. Não quero que te vás embora.”. Depois levantei-me e fui para onde me sinto em casa, para o mar. Lá dentro apenas ouvia os meus pensamentos e som das ondas aumentado. Quando finalmente vim á tona de água respirar, conclui que isso nunca aconteceria, pois a sociedade já me tinha estragado, não havia volta a dar.


No entanto, o que pensava ser impossível, passou a ser uma realidade. Fui natural. Sem ter de pensar se devia, se querias, se gostarias, se me arrependeria, se estava na altura, apenas te toquei na mão. Havia uma multidão de pessoas por ali, mas quando agora me deito na cama, fecho os olhos e relembro o momento. Apenas me lembro do teu sorriso, do teu olhar e de sentir a tua mão, os teus dedos, os teus pensamentos. Como se por um mero momento pudesse fazer parte de ti, dos teus pensamentos, dos teus sonhos, de tudo.


Mas não foi apenas isso que me encantou. Na primeira vez que te vi (não a primeira vez que olhei para ti, já tinha olhado muitas vezes… mas nunca te tinha visto), abandonei o meu corpo, ligando o piloto automático. E tentei com os meus olhos tirar uma foto que pudesse guardar na memória, mas a memória não a aceitou, enviou-a para outro lado. Para o coração, que não conseguia perceber o que estaria ali a fazer aquilo. Tentou manda-la para outro lado, mas ela dali não saia, nem saiu. A primeira vez que ouvi a tua voz fiquei parado, num tipo de estado de coma induzido, do qual só acordei quando alguém me chamou. Todas as vezes que te vejo, começo por olhar-te de longe, depois de olhar por um pouco parece que me aproximo e que entro nos teus olhos. Sinto-me bem nesse lugar e deixo-me lá estar até me fintares com eles. Aí desvio, ou então sorrio para ti. Se volto olhar, acabo por perder os pensamentos nos teus caracóis, ou nas tuas mãos, ou nos teus lábios, ou mesmo no teu nariz…


E assim, as estrelas do céu que tanto brilhavam e me fascinavam, perderam aquele brilho, agora nada mais me encanta além do teu sorriso. E um dia, quando olhares paras as estrelas, e de seguida olhares para mim, verás os meus olhos a brilhar e um sorriso apaixonado. Nesse momento nunca mais te voltarei a largar a mão.

14 de abril de 2010

Apenas Sonhos






Voltei a acordar com o coração aos pulos. Voltei a ter aquele sonho: Caminhava por uma estrada que reconhecia não sei de onde. Haviam árvores dos dois lados da estrada, estas dançavam com o vento. Este vento soprava-me aos ouvidos uma leve melodia que me ia encantando. Chego a uma ponte de pedra, provavelmente do tempo dos romanos, oiço o rio que passava ali… depressa como todo aquele sonho. Quando começo a caminhar por cima da ponte surge um vulto na outra ponte… Aproximo-me devagar e com prudência. Até que as nuvens se desviam propositadamente só para deixar que um raio de sol iluminasse o tal vulto. Tento voltar a olhar… mas o que era demasiado escuro para perceber quem era, agora é demasiado claro e não consigo olhar directamente. Apenas vejo um reflexo de uns olhos azuis esverdeados.

Na primeira vez que tive este sonho pensei que não passava disso, de um belo sonho. Mas foi se repetindo, já conto três vezes. De dia achava que sabia o que queria, mas na verdade nunca fiz ideia… Até agora. Nunca vi de quem eram aqueles olhos, mas sei de quem queria que fossem. “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”, o destino quer, eu já sonhei, tu serás a minha obra, serás a minha musa.

Voltei a sonhar. Já sei quem és, já te conheço, já entrei naqueles olhar que reflectia o raio de sol. Mas também já lá me perdi… enquanto falas comigo eu perco-me, deixo-me ser absorvido por eles, deixo-me ser enfeitiçado e…. Gosto. Este último sonho foi diferente: já era noite, a lua já ia bem alto e eu entrava num castelo da idade média. Sabia que caminho havia de tomar, queria ir até ao quarto mais alto, da torre mais alta… Pois é nesse sítio que se encontram todas a princesas. Sabia que seria aí que te encontraria. Empurrei a grande e pesada porta que dava para a torre. Subi as escadas, que eram muitas e velhas. Cada degrau era do tamanho de dois normais. Antes de chegar ao topo olhei por uma janela e percebi porque estavas naquele quarto, daquele sítio a metáfora passava a realidade: Tens o mundo a teus pés. Vi a porta que dava para o quarto. Era velha e muito pesada como se simbolizasse o medo que tenho de me deixar levar pelos teus olhos, por ti. Mesmo assim empurrei-a e entrei. Estavas deitada a dormir, com o cabelo loiro e perfeito como nos filmes. Tinhas um vestido rosa lindíssimo. As tuas mãos caídas sobre a cama. Dormias como se nada te metesse medo, nem mesmo a escuridão que apenas se encontrava fora do teu quarto. Ajoelhei-me como cavaleiro, ou um servo, ou mesmo um príncipe encantado. Comecei por agarrar-te a mão e beijando-a com um doce beijo. E depois beijei-te na testa como se tu sentisses… Voltei a olhar para ti, abris-te os olhos e disseste: ….

Então acordei. Tentei voltar a adormecer mas já não conseguia sonhar o que ias dizer… por isso este texto fica assim: Incompleto e sabes porque? Para completares como desejo que me completes.

10 de abril de 2010

Desejo




Em quase todos os meus aniversários tive velas para soprar. Em todos esses me diziam: “Pede um desejo.”. A verdade é que nunca pedi… não acredito que apenas por fazer anos tenha direito a pedir o que quiser sem ter de fazer nada. Desta vez foi diferente. Desta vez quis pedir um em especial. Talvez por desespero, ou por uma esperança que se ascendeu dentro de mim. Já não sei que mais posso fazer para deixar de te amar. Por isso não vou deixar, vou aprender a viver com isso, a escrever com isso… até que um dia te esqueça…. Ou então que finalmente me ames.



Já tentei explicar o que sinto a amigos meus, até a mim mesmo já tentei explicar e não consigo. Eu sei que não gostas de mim da maneira que queria. Sei que sou apenas uma personagem secundária no teu castelo. Mas mesmo assim cá estou eu. Sentado debaixo deste velho carvalho, com o sol aquecendo-me a cara… á espera do pôr-do-sol como sempre esperei por ti… Ao meu lado tenho o telemóvel, com que durmo todas as noites, á espera de uma mensagem que nunca chega. E pior... que nunca chegará…


Posso fazer anos as vezes que quiser, posso desejar as vezes que quiser, posso dizer que te amo, que te quero, que és a única pessoa que me inspira a escrever. Posso dizer isto tudo as vezes que desejares. Mas nunca irás gostar de mim. O destino brincou mais uma vez comigo, e mais uma vez eu deixei que ele me guiasse. E agora? Por um lado amaldiçoo o dia em que te conheci, porque a partir desse dia não fui capaz de escrever sobre qualquer outro assunto. Mesmo quando o tema não eras tu, havia sempre uma frase dirigida a ti. E tu? Ou não entendias ou não querias entender. Mas por outro lado agradeço a este brincalhão destino ter-te conhecido e ter-me apaixonado por esses teus olhos que encontro em todo o lado. Foste a história da minha vida. Foste a mais bonita e doce história que alguma vez escrevi ou escreverei nesta ou noutra vida. E o mais irónico de tudo é que nem um fim teve. Como posso por um fim se nem houve inicio? Mas não quero lhe por um fim… quero continuar a escrever. Quero continuar a amar-te. Quero continuar a falar contigo enquanto escrevo….


Gostava que um dia me ouvisses….


1 de abril de 2010

Princesa dos olhos de cristal




Um rapaz caminha sozinho pelas ruas escuras de Lisboa. Por cada beco que passa ouve um ruído diferente, um cheiro novo. De uma janela sente o cheiro de algo que parecia tão delicioso, de outra ouve gritos de um casal em mais uma discussão. Entre o lixo espalhado pelo chão ouve algo mexer-se, um gato talvez. Olha para aquela longa rua como se fosse o seu destino. Havia transversais, haviam outras escolhas, mas a mais fácil era ir a direito, era deixar que o destino o levasse. Foi isso que ele fez.
Assim, chegou ao fim daquela antiga rua de calçada. Mas agora havia um cruzamento, para que lado havia ele de ir. Estava na altura de ser ele a decidir, estava na altura de dar uma pequena ajuda ao destino. E foi então que ouviu uma música… vinha de um velho prédio à sua esquerda. Aquela música tinha feito o ritmo do seu coração mudar. Avançou então nessa direcção, e logo que deu o primeiro passo o destino fechou o outro caminho. E, naquele momento, ficou escrito tudo o que vos vou contar.
E agora? Estava à frente do prédio. Entrava por ali a dentro? Enquanto se questionava reparou numa luz que fugia do prédio por um pequeno buraco. Noutra altura não teria espreitado, mas ele estava tão desesperado…. Era um antigo salão de dança. Havia um espelho, as luzes eram alaranjadas, o chão muito brilhante. Uma senhora bastante velha ensinava jovens raparigas a dançar. Achou a dança engraçada mas como não se interessava muito por artes (como a maioria dos homens) ia voltar para casa… Mesmo antes de se virar viu uma rapariga entrar dizendo “Desculpe o atraso Sra. Antonieta”. Ela começou a dançar de costas para ele, mas quando se virou e ele pode finalmente vê-la. O destino gritou bem alto: “Vês!! É o teu destino!” Nunca se esqueceria daquele momento. Ela sorria de uma maneira que quando parava parecia que a sala perdia o brilho. Os seus olhos lindíssimos hipnotizaram-no de tal maneira que ali ficou durante horas a ver. Como não sabia o nome dela, chamou-lhe: “Princesa dos olhos de cristal”. No dia seguinte voltou a lá ir vê-la, e no outro e no outro…..
Uma jovem rapariga andava a vaguear pela praça quando ouviu uma voz que a chamava. Quando se virou viu um rapaz falando com uma rapariga, que pelo que percebeu tinha o mesmo nome que ela. Ela não sabia explicar mas aquele rapaz tinha algo de especial…. Algo que a fazia sorrir o resto do dia. Ela tinha treinos de dança. E todos os dias treinava muito sorridente pois era como se estivesse a dançar com ele, como se ele estivesse ali com ela.
Os dois não sabiam. Mas o brincalhão destino já tinha escrito que aqueles dois teriam um dia a sua própria história. Mesmo sem se conhecerem os dois estavam apaixonados. Os dois não eram capazes de passar um dia sem ver o outro. E durante semanas isto continuou… o destino ria e ria….
Aquele rapaz tão apaixonado, deu por si naquela rua onde tudo tinha começado. Onde o seu destino tinha sido decidido. Andava em frente e olhava para a calçada, como se soubesse o caminho de cor. E foi então que a “princesa dos olhos de cristal”, atrasada como de costume, chocou contra ele. Os dois ficaram a olhar um para o outro. Era a primeira vez que os dois cruzavam um olhar entre si. Ela disse: “Olá. Sou a….” Ele interrompeu-a e disse: “Eu conheço-te.”.
Então onde o destino escreveu foi onde tudo aconteceu. Naquela antiga rua que viu nascer mais uma história que tanto é de amor, como é um conto de fadas.


p.s.: dedicada a verdadeira princesa de olhos de cristal

24 de dezembro de 2009

Um sonho de Natal





Era um dia igual a tantos outros. Lá fora nevava com intensidade. Enquanto uma pequena e frágil criança está enroscada em várias mantas e bem perto da lareira. Os seus amigos chamavam-lhe com carinho: Benni.
A mãe chega perto dele e traz nas mãos um pequeno lanche que ela própria preparou, um copo de leite quente e umas bolachas que todos os sábados fazia-lhe. Trazia também um papel e uma caneta. Entregou tudo ao pequeno Benni, ele bebeu um pouco de leite e deu uma dentada numa das bolachas, respirou fundo com para ganhar inspiração para o que ia fazer e começou:



“Querido Pai Natal,”

“Está tudo bem contigo? Por aqui está tudo super bem! A minha mãe acabou de me trazer um lanchinho mesmo bom, se quiseres podes aparecer que tenho a certeza que ela prepara-te um igual. Mais uma vez escrevo-te a pedir as minhas prendas… mas desta vez vou pedir algo um pouco diferente… gostava que o meu pai viesse passar o natal a casa. Eu sei que ele está longe para o ires buscar…. Também sei que deves andar muito ocupado… mas era mesmo isso que eu queria. Tenho tantas saudades dele.
P.S.: Também me podes trazer uma bola…..”



Depois de ter acabado de escrever a carta e enfia-la no envelope. O Benni deitou-se de barriga para cima, como se á espera de um milagre. E foi então que uma estrela lhe passou mesmo á frente dos olhos. Primeiro pensou que tivesse visto mal e esfregou os olhos, mas quando olhou para a sua esquerda… Estava um pequeno duende sentado no seu ombro. Por estranho que pareça o Benni não quis gritar nem se assustou, apenas lhe perguntou: “Quem és tu?” O duende respondeu-lhe que se chamava Damiz e que era o braço direito do pai Natal. E estava ali porque o pai Natal lhe tinha pedido para falar com o Benni sobre a curiosidade que ele tinha acerca daquele pedido estranho. O Benni nem queria acreditar, ele nem tinha posto a carta no correio e perguntou ao duende como era possível o Pai Natal já saber o que estava escrito na carta. O duende explicou-lhe que não lhe podia contar esse tipo de segredos, mas estava relacionado com a magia.
Depois dos dois terem tido a tal conversa onde o duende compreendeu que o Benni amava mesmo o pai e queria tanto que ele voltasse que quase o próprio Benni começava a ter poderes mágicos. Então despediram-se e lá foi o duende a voar pela janela como uma estrela cadente.
O Benni começou a ouvir uma voz a chamá-lo, era a sua mãe…. Mas ele não a via… então abriu os olhos e percebeu que tinha estado a sonhar. Neste momento foi completamente preenchido por uma sensação de desilusão e tristeza por afinal o pai não vir. No entanto alguém bate á porta, era o seu pai! E sabem que mais? Trazia um embrulho esférico que quase podia apostar ser a bola pedida na carta… Mas deve ter sido só uma pequena coincidência.

P.S.: Este texto foi inventado porque a Sofia queria adormecer. Obviamente que lhe é dedicado.